A história de Jesus pregando em sua cidade natal é registrada nos Evangelhos, principalmente em Lucas 4:16-30 e em Mateus 13:54-58 e Marcos 6:1-6.
Ela ocorre após Jesus já ter começado seu ministério na Galileia, onde realizou muitos milagres e começou a ganhar reconhecimento.

Milagres na Galileia
Jesus já estava ativo na Galileia, pregando em várias sinagogas e realizando milagres. Ele ganhou grande fama entre o povo por suas palavras e ações poderosas. Um dos episódios marcantes dessa fase foi a cura de pessoas, como o relato da cura da sogra de Pedro e de muitos enfermos que foram levados até Ele. As multidões começaram a seguir Jesus, e sua popularidade cresceu rapidamente.
A Chegada a Nazaré
Depois de realizar muitos milagres na Galileia, Jesus retornou à sua cidade natal, Nazaré, onde Ele havia crescido. Ele chegou ali com a mesma missão de pregar e ensinar sobre o Reino de Deus. Como era costume, Ele foi à sinagoga no dia de sábado, e ali, sendo já um mestre reconhecido, foi convidado para ler e comentar as Escrituras. Deram a Ele o livro do profeta Isaías, e Ele leu um trecho muito significativo, de Isaías 61:1-2:
“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar liberdade aos cativos, restaurar a vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor.”
Após ler, Jesus fechou o livro, devolveu ao assistente, e se sentou. Todos na sinagoga estavam atentos, e Jesus então disse uma frase impactante:
“Hoje se cumpriu esta Escritura aos vossos ouvidos.”

A Reação dos Habitantes de Nazaré
No início, as pessoas ficaram maravilhadas com as palavras de Jesus. Elas sabiam que Ele era um bom pregador e que tinha feito milagres em outros lugares, mas algo começou a incomodá-los. Eles conheciam Jesus desde criança, sabiam que Ele era o filho de José, o carpinteiro, e não conseguiam conciliar essa familiaridade com as coisas grandiosas que Ele estava dizendo e fazendo.
Começaram a dizer uns aos outros:
“Não é este o filho de José?”
Essa dúvida, esse questionamento sobre as origens de Jesus, gerou um certo desprezo. Eles não conseguiam aceitar que alguém que havia crescido entre eles pudesse ser o Messias, o Enviado de Deus. Jesus, percebendo a incredulidade, disse uma frase famosa:
“Sem dúvida, vocês me citarão este provérbio: ‘Médico, cura-te a ti mesmo! Faze aqui na tua terra o que ouvimos que fizeste em Cafarnaum’.”
E Ele acrescentou:
“Em verdade vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua própria terra.”
A Fúria dos Habitantes de Nazaré
Jesus então lembrou dois episódios do Antigo Testamento para ilustrar que, às vezes, Deus age fora das expectativas humanas. Ele citou a história da viúva de Sarepta, que foi ajudada pelo profeta Elias, e a cura de Naamã, um comandante sírio, pelo profeta Eliseu. Ambos os exemplos mostravam que Deus nem sempre realizava seus milagres entre os israelitas, mas também entre os gentios, o que provocou ainda mais indignação no povo.

Ao ouvir isso, os habitantes de Nazaré ficaram furiosos. Eles se encheram de ira e, em vez de reconhecerem a verdade nas palavras de Jesus, tomaram uma atitude violenta. Levantaram-se, agarraram Jesus e o levaram para fora da cidade. Nazaré fica localizada em uma região montanhosa, e eles levaram Jesus até o topo de um penhasco, com a intenção de jogá-lo lá de cima.
O Escape de Jesus
No entanto, nesse momento crítico, aconteceu algo misterioso. O texto diz que Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho. Ele não foi jogado do penhasco, e simplesmente escapou da multidão furiosa. A Bíblia não dá muitos detalhes sobre como isso aconteceu, mas foi um evento surpreendente, e Jesus seguiu com sua missão sem ser ferido.
Esse episódio mostra a rejeição de Jesus em sua própria terra, algo que Ele já havia previsto. Ele deixou Nazaré e continuou seu ministério em outras cidades, onde foi mais bem recebido.
Essa história revela tanto a grandeza das palavras e ações de Jesus quanto a dificuldade que as pessoas tinham de aceitar que alguém comum aos seus olhos pudesse ser o Salvador prometido.