O Velho Testamento é, sem dúvida, um dos textos mais complexos e controversos da história. Nele, encontramos histórias de fé, mas também eventos carregados de violência, crueldades, e rituais estranhos que podem parecer distantes da mensagem de amor e compaixão que Jesus trouxe no Novo Testamento. Neste post, vamos explorar alguns dos aspectos mais chocantes do Velho Testamento, incluindo sacrifícios de animais, leis severas, rituais de pureza, e atos de crueldade ordenados por Deus aos profetas e ao povo de Israel.

Sacrifícios de Animais: A Expiacão de Pecados Através de Sangue
Um dos rituais mais frequentes e impactantes do Velho Testamento é o sacrifício de animais para expiar os pecados do povo. Na tradição judaica antiga, o sangue era visto como um meio de purificação, e o sacrifício de animais era uma prática comum para se reconciliar com Deus.
No livro de Levítico, por exemplo, encontramos diversas passagens que detalham como os animais eram sacrificados no altar, sendo oferecidos em holocausto como um símbolo de redenção:
“E encostará a sua mão sobre a cabeça da oferta pelo pecado, e a imolará no lugar do holocausto” (Levítico 4:29).
Esse tipo de prática, que envolvia derramar o sangue de criaturas inocentes, era considerado um ato essencial para apagar os pecados, mas parece impensável à luz da mensagem de Jesus. Jesus nunca promoveu o sacrifício de animais como forma de purificação espiritual. Em vez disso, Ele pregava o arrependimento, o perdão e a transformação interior.
Jesus trouxe uma mensagem de misericórdia que não exigia o sofrimento de animais para a redenção humana. Ele ofereceu a si mesmo como o último sacrifício, acabando de uma vez por todas com a necessidade de rituais sangrentos:
“Misericórdia quero, e não sacrifício” (Mateus 9:13).

Testes de Fidelidade: A Loucura do Ritual da Água Amarga
Outro dos costumes bizarros do Velho Testamento era o ritual de água amarga, um teste de fidelidade que colocava as mulheres em uma situação humilhante e cruel. Em Números 5:11-31, encontramos a descrição de como uma mulher suspeita de adultério deveria ser levada ao sacerdote para um ritual.
O sacerdote fazia a mulher beber uma poção feita de água com poeira do chão do tabernáculo e, se ela fosse culpada, seu corpo sofreria uma maldição:
“E esta água amaldiçoante entrará nela e se tornará amarga; e o seu ventre inchará, e a sua coxa descairá” (Números 5:27).
Esse tipo de “justiça divina” era uma prática profundamente injusta e abusiva. A mulher era sujeita a um ritual humilhante, e tudo isso com base na mera suspeita de infidelidade. Não há nada nos ensinamentos de Jesus que sequer se aproxime dessa crueldade e humilhação. Jesus jamais toleraria um teste de fidelidade tão brutal, muito pelo contrário, Ele pregava o perdão e acolhimento.
Quando Jesus confronta uma mulher acusada de adultério em João 8:3-11, Ele oferece misericórdia em vez de condenação:
“Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela” (João 8:7).

Rituais de Pureza: Regras Severoas e Impossíveis de Seguir
Os rituais de pureza do Velho Testamento também eram, em muitos aspectos, severos e desumanos. As regras para o que era considerado puro e impuro incluíam desde alimentos proibidos até períodos de isolamento para mulheres no ciclo menstrual.
Em Levítico 15:19-30, por exemplo, encontramos a lei que exige que uma mulher seja considerada impura por sete dias durante o período menstrual, sendo necessário até mesmo que os objetos que ela tocava fossem lavados:
“E todo aquilo sobre o qual ela se deitar será imundo; e tudo aquilo sobre o qual ela se assentar será imundo” (Levítico 15:20).
Essas regras rígidas tornavam a vida cotidiana uma série de rituais, regras e exclusões, muitas vezes segregando as pessoas em momentos de sua vida natural e humana. Isso cria uma atmosfera de culpa e vergonha constante, onde qualquer deslize poderia afastar alguém da comunidade e da presença de Deus.
Jesus, em contrapartida, desafiou essas leis de pureza. Ele tocou leprosos (impuros), conversou com samaritanos e pecadores, e mostrou que o amor de Deus estava além das regras humanas:
“Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai dele, isso é que contamina o homem” (Marcos 7:15).

A Crueldade nas Guerras e Conquistas: O Extermínio de Inimigos
As histórias de guerra e conquistas no Velho Testamento também são carregadas de violência e crueldade. Deus frequentemente ordenava a destruição completa de cidades e povos, incluindo mulheres, crianças e animais.
Em 1 Samuel 15:3, Deus ordena ao rei Saul:
“Vai, pois, agora, e fere a Amaleque, e destrói totalmente a tudo o que tiver; e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até a mulher, desde os meninos até os de peito, desde os bois até as ovelhas, desde os camelos até os jumentos.”
Esses atos de violência eram considerados um meio de purificação e julgamento, mas se contrastam fortemente com a mensagem de paz e perdão que Jesus trouxe. No Novo Testamento, Jesus prega o amor aos inimigos e condena o uso da violência:
“Mas a vós, que ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam” (Lucas 6:27).
Jesus jamais incentivaria o massacre de inocentes, nem justificaria a violência como uma forma de agradar a Deus. Ele veio como o Príncipe da Paz, oferecendo um caminho de reconciliação, não de extermínio.

Proibições Severas: As Leis da Torá que Jesus Não Seguiria
O Velho Testamento, especialmente na Torá, também traz um conjunto de leis que, aos olhos modernos, parecem extremamente rígidas e desumanas. As proibições abrangiam desde o uso de roupas feitas de dois tipos de tecidos diferentes (Levítico 19:19) até a proibição de misturar sementes em um campo.
Essas leis minuciosas e muitas vezes arbitrárias faziam parte de um código de conduta que visava manter o povo de Israel separado das nações ao seu redor. No entanto, com a chegada de Jesus, Ele traz uma nova perspectiva sobre a lei. Em vez de focar em regras externas, Ele enfatiza a transformação interior e o amor ao próximo.
Jesus desafiou a interpretação legalista da Torá ao dizer:
“Não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que sai da boca, isso sim contamina o homem” (Mateus 15:11).
Essas palavras de Jesus marcam uma ruptura com o rigor das leis do Velho Testamento, colocando o foco no amor e na pureza do coração.
Jesus Trouxe um Novo Caminho de Amor
O Velho Testamento é, sem dúvida, um texto cheio de desafios e complexidades. Suas histórias de violência, rituais de pureza e sacrifícios de animais parecem duras e muitas vezes incompreensíveis para os padrões atuais. Mas, ao olharmos para a vida e os ensinamentos de Jesus, vemos um contraste claro.
Jesus não veio para destruir a Lei, mas para cumpri-la (Mateus 5:17), e Ele o fez através de uma mensagem de amor, perdão e compaixão. Em vez de rituais sangrentos, Ele ofereceu Seu próprio sacrifício; em vez de guerra, Ele trouxe a paz; em vez de testes humilhantes, Ele ofereceu misericórdia.
O Velho Testamento pode ter sido um tempo de loucuras e profetas, mas o Novo Testamento revela a plenitude do plano de Deus: o amor incondicional.