O Conceito de Inferno nunca foi dito por Jesus

O conceito de inferno, como é popularmente entendido hoje — um lugar de tormento eterno, fogo e punição — nunca foi realmente ensinado por Jesus. Embora a Bíblia mencione palavras como “inferno” em algumas traduções, a compreensão do que essa palavra significa e a forma como ela foi usada na época de Jesus é bem diferente do que muitos pensam atualmente. Neste post, vamos explorar o que Jesus realmente disse, o conceito original de inferno e como essa ideia foi amplamente distorcida ao longo dos séculos.


O que Jesus Realmente Disse?

Nos Evangelhos, Jesus fala bastante sobre temas como o amor ao próximo, o perdão dos pecados e a compaixão. Ele alerta sobre as consequências de uma vida sem Deus, mas a ideia de um inferno literal, como o de Dante Alighieri em A Divina Comédia, nunca foi mencionada diretamente por Ele. Na verdade, a palavra “inferno” usada em muitas Bíblias em português é uma tradução problemática de termos antigos que têm significados muito diferentes, como Geena, Hades e Sheol.

Geena: Um Lugar Real

Quando Jesus usava a palavra Geena, Ele se referia a um local físico real fora de Jerusalém, o Vale de Hinom. Esse lugar era associado a sacrifícios pagãos e, posteriormente, usado como um depósito de lixo onde o fogo constantemente queimava o lixo da cidade. Para os judeus da época de Jesus, Geena era um símbolo de destruição e purificação, e não um lugar de tormento eterno.

“E, se teu olho te escandalizar, arranca-o; melhor é entrares no Reino de Deus com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do Geena”
(Marcos 9:47).

Jesus utilizava essas metáforas para falar da seriedade das escolhas morais, mas nunca deu detalhes sobre um inferno como uma câmara de tortura eterna. O foco de Suas palavras era sempre em promover a vida, e não condenar ao castigo eterno.


O Inferno Como uma Construção Cultural

O conceito de inferno, como imaginado por muitas tradições religiosas, foi na verdade uma construção desenvolvida por teólogos e líderes religiosos muito depois da época de Jesus. Esse conceito ganhou força durante a Idade Média, especialmente nas obras de escritores como Dante Alighieri e sua Divina Comédia, que moldaram a visão popular do inferno como um lugar de sofrimento sem fim. A ideia de um inferno foi sendo usada, ao longo da história, como uma forma de controle sobre as pessoas, sugerindo que quem não seguisse determinados dogmas religiosos estaria destinado ao tormento eterno.

Um dos motivos para a popularização do inferno foi o medo que muitas instituições religiosas tinham de que as pessoas não seguissem suas doutrinas ou seus líderes. A ameaça de um castigo eterno no inferno se tornou uma forma eficiente de garantir obediência e conformidade dentro da comunidade religiosa.

Jesus, no entanto, nunca usou o medo como arma para atrair seguidores. Pelo contrário, Ele sempre pregou o amor, a graça e o perdão. O Reino de Deus era algo que deveria ser experimentado aqui e agora, não algo que só poderia ser alcançado evitando o inferno.


“Mais Esperto que o Diabo” e a Noção de Medo

O conceito de inferno como uma ferramenta de medo é discutido também no livro “Mais Esperto que o Diabo”, escrito por Napoleon Hill. No livro, Hill explora uma conversa fictícia com o diabo, onde é revelado como o medo é usado para controlar as pessoas, especialmente o medo de coisas como o inferno e o diabo. Hill descreve como o medo é um dos maiores inimigos da humanidade, impedindo que as pessoas alcancem seu verdadeiro potencial e vivam vidas plenas.

O diabo, segundo Hill, é uma construção que representa todos os obstáculos que surgem do medo e da ignorância. O inferno, neste contexto, não seria um lugar físico, mas sim um estado mental de prisão, onde a pessoa se coloca ao não seguir sua verdadeira vocação e propósito na vida. Esta visão ressoa com a ideia de que o inferno foi amplamente criado pela humanidade como uma forma de manter as pessoas em conformidade com sistemas religiosos.


A Mensagem de Jesus é de Amor e Perdão

Jesus não veio pregar o medo ou o castigo eterno. A mensagem central de Seu ministério foi sempre o amor incondicional e o perdão. Ele constantemente enfatizava que Deus era um Pai amoroso, pronto para perdoar aqueles que se arrependessem e voltassem para Ele. Jesus exemplificou isso ao comer com pecadores, ao curar pessoas marginalizadas e ao oferecer salvação para todos, inclusive os que eram considerados “impuros” pela sociedade.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
(João 3:16).

Aqui, Jesus não fala de um castigo eterno ou de um inferno literal. Pelo contrário, Ele oferece vida eterna para todos que acreditam nEle, uma vida cheia de amor, paz e reconciliação com Deus. O Reino de Deus é descrito como um lugar de bem-aventurança e justiça, e não um lugar que deveria ser alcançado por medo de punição.


Conclusão: O Inferno Como Metáfora e Medo

O inferno, como conceito literal de tormento eterno, nunca foi parte central da mensagem de Jesus. Ele não pregou o medo, mas sim o amor e o arrependimento. O uso da palavra “Geena” era uma metáfora poderosa para destruição e purificação, mas jamais foi descrita como um lugar de punição sem fim para aqueles que não seguiam seus ensinamentos.

Ao longo dos séculos, líderes religiosos e escritores ajudaram a formar a ideia de um inferno como forma de controle e intimidação. No entanto, a verdadeira mensagem de Jesus sempre foi a de esperança, compaixão e . O conceito de inferno, em sua forma moderna, é mais uma criação humana do que uma verdade espiritual revelada por Cristo.

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